O mês de agosto, dedicado ao combate à violência contra a mulher, está se encerrando no Conjunto Penal de Itabuna de forma inovadora. Além da palestra destinada às mulheres, que normalmente é promovida pelo Centro de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM), este ano o Agosto Lilás alcançou também os homens, com a palestra Ronda para Homens, no âmbito da Ronda Maria da Penha, da Polícia Militar.
A palestra para as mulheres focou na questão dos direitos das vítimas, a partir do conhecimento da Lei Maria da Penha, sua história e atualização contínua. Ministrada pela assistente social Camila Menezes, a conferência detalhou as situações em que a mulher pode e deve procurar ajuda, seja na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), ou no Ministério Público. Cerca de 60 mulheres participaram.
Já o trabalho com os homens teve um caráter informativo a respeito do que não fazer, especialmente em situações cotidianas ou em relação a costumes arraigados, que muitos acreditam não configurar delito. O palestrante Everton Santana dos Santos, soldado PM da Ronda Maria da Penha, fez uma abordagem descontraída com os cerca de 60 ouvintes (nos turnos da manhã e tarde), desmistificando as convicções e explicando em detalhes as diversas formas de violência contra a mulher descritas na lei.
Entre os ouvintes, muitos se identificaram como agressores, e disseram que não sabiam da gravidade do que fizeram até ter o conhecimento, perante o juízo. “Mas, para mim, esse lugar (a prisão) está sendo um centro de recuperação. Quero voltar outra pessoa, quando sair daqui”, declarou um dos internos participantes.
Presente ao evento, o psicólogo da unidade, Paulo Roberto, aproveitou para indicar a todos que desejassem, que procurassem o Serviço de Psicologia, ao que obteve como resposta uma lista de homens agressores que pretendem fazer um acompanhamento mais próximo até o fim da pena.
A programação foi aberta pelo diretor do Conjunto Penal de Itabuna, major PM Adriano Valério Jácome da Silva, que explicou aos internos a importância do tema, especialmente as atualizações na legislação, para que cada possa ter o conhecimento dos limites da lei, ao sair da unidade prisional, e não venha a incorrer em novos ilícitos. “Esse é um tema importantíssimo, para todos nós, homens, porque nos mostra aquilo que precisamos saber a respeito da lei, e assim cumpri-la integralmente”.
Já a programação feminina foi coordenada pela advogada Genice Lacerda, coordenadora do Corpo Técnico da unidade, e teve a participação de toda equipe multidisciplinar do Conjunto Penal, bem como da assistente administrativa e da orientadora social do CRAM, Lidiane Hage e Laís Cândido, que acompanharam a palestrante Camila Menezes. Os dois eventos tiveram apoio de todos os setores da unidade.