Discutir a questão do racismo, a partir de uma abordagem cultural. Essa foi a proposta de estudantes da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), que conduziram, em parceria com o Conjunto Penal de Itabuna (CPI), as atividades relativas ao Dia da Consciência Negra, o 20 de Novembro. O evento foi realizado na manhã de quarta-feira (21), no Centro de Educação e Ressocialização do CPI.
Coordenados pela professora-doutora Célia Regina, estudantes da UFSB, em níveis de mestrado e graduação, levaram aos mais de 100 internos participantes músicas, poesias e contação de histórias, além de palestra e exibição de documentário sobre racismo. Uma fotógrafa do projeto fez dezenas de registros, que fram disponibilizados ao final do evento, permitindo a todos se reconhecerem nas fotografias exibidas em um monitor de TV.
“Tudo foi feito de uma forma leve, lúdica e interativa”, observou o diretor do CPI, Capitão PM Adriano Valério Jácome da Silva. O lanche para os internos também foi uma referência à cultura afrobrasileira: acarajé, frito na hora, com direito a vatapá, salada e pimenta.
Os internos participantes foram convidados a se expressar de diversas formas e falaram de experiências com o racismo, mas também cantaram, participaram de pequenas dinâmicas e interagiram com as performances. A abertura foi uma apresentação musical de uma das internas, que se disse emocionada, “por nunca ter cantado pra tanta gente”.
O evento foi idealizado pela empresa Socializa – Soluções em Gestão, que operacionaliza o CPI, em regime de cogestão com o Governo do Estado. Participaram, além do diretor Adriano Jácome, o diretor-adjunto Bernardo Dutra, o gerente operacional da Socializa Yuri Damasceno, a equipe multidisciplinar do CPI, além do corpo de segurança. E, pela UFSB, a professora Célia Regina e os estudantes Joeldon Pereira Bento, Imara Queiroz Bispo, Jéssica Santos de Assis, Lis Pimentel Almeida, Rosimária de Jesus Ribeiro, Kelly Ribeiro, Lúcia Helena Gomes Ramos e Mariana Bispo Miranda.
Primeiro passo
A ação do coletivo no Conjunto Penal faz parte de um projeto de extensão universitária, que visa ao trabalho com mulheres, na perspectiva do empoderamento e conscientização de direitos. De acordo com a coordenadora Célia Regina, esse evento foi importante como um primeiro passo, e outras atividades virão.
“A verdade é que não sabíamos o que iríamos encontrar, mas saímos maravilhados. Poder dialogar com essas pessoas, receber essa resposta, nos alegrou muito. Vamos formalizar, junto ao Conjunto Penal, uma proposta de desenvolvimento de nosso projeto aqui, numa parceria institucional”.
O diretor Adriano Jácome afirmou que a unidade está de portas abertas para a academia. “Todo o trabalho que fazemos aqui é em busca da preparação de cada um para a retomada de sua vida fora do cárcere. Todo nosso esforço é nesse sentido, e um projeto como esse contribui e muito para alcançarmos esse objetivo”.