O cão sempre foi ótima companhia para o ser humano, além disso, podem ser ótimos colaboradores no sistema prisional. O trabalho dos animais é considerado importante para a manutenção da ordem nas unidades e tem como objetivo apoiar o trabalho de agentes penais e monitores de ressocialização.
Os investimentos da Socializa, empresa que administra 5 unidades prisionais do Estado da Bahia, sendo elas nos municípios de Salvador, Lauro De Freitas, Barreiras, Vitória da Conquista e Itabuna, contam com aproximadamente 90 cachorros de trabalho. A empresa apoia a segurança dos presídios através da compra de cães com potencial genético elevado, em que a linhagem apresentava aptidão para guarda e proteção, e vem trabalhando para contratar cada vez mais profissionais que atuam exclusivamente com cães em unidades prisionais, denominados cinófilos, que é todo aquele indivíduo que ama, cuida e trabalha na rotina de cães.
O cão é observado nos primeiros meses de vida e são realizados testes iniciais. Após identificada a aptidão, o profissional o direciona para a área desejada, iniciando os treinamentos especializados com o animal.
Estrutura Referência e Rotina dos caninos
Recentemente, o Conjunto penal de Barreiras contou com a requalificação das dependências do canil em maio de 2022, criando uma estrutura diferenciada e pouco vista em unidades prisionais.
Os alojamentos dos animais possuem telhas que permitem iluminação natural, paredes em cerâmica e piso adequado ao clima da região. No local foi construída a estrutura com pista de treinamento e aparelhos para atividades como rampa e piscina, tudo com a mão de obra dos internos da unidade. A gerente Marcília Menezes parabenizou os apenados que contribuíram para a reformulação. “Os internos abraçaram a ideia e construíram a estrutura, eles foram essenciais nesse processo e o resultado superou nossas expectativas.” Disse.
Além da estrutura referência, os cães têm atendimento veterinário uma vez por semana com acompanhamento documentado, boa alimentação, água fresca e boxes sempre limpos. A veterinária Lorena Andrade conta que eles são monitorados diariamente pelo cinófilos. “Além da visita técnica semanalmente, duas vezes no ano eles passam por exames hematológicos e protocolos profiláticos através de carrapaticidas, vermifugação, vacinação e suplementação, vai depender da necessidade de cada animal” relatou Lorena, que faz a assessoria dos canis.
Cinotécnica
A cinotécnica é um conjunto de conhecimentos relacionados a reprodução e treinamentos de cães para trabalhos civis ou militares. De acordo com os cinotécnicos, o uso do cão no sistema prisional modifica a conduta do interno pelo efeito psicológico que causa, minimizando ocorrências de fugas e comportamentos violentos. As intervenções só podem ser utilizadas em casos previstos em lei, respeitando os direitos humanos.
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Aposentadoria
Quando completam oito anos de idade vem o merecido descanso. No primeiro momento eles ficam disponíveis para adoção responsável, e os que não são adotados permanecem na unidade em atividades recreativas e treinos leves. No geral os colaboradores que constroem a relação de amizade demonstram o interesse nos cães de trabalho, como foi o caso do colaborador e cinófilo Allan Santana. Allan conta que adotou o canino Rock com 10 anos e sente falta do amigo que já faleceu. “Rock era um cachorro ótimo, alegre, e bom de serviço. Com o tempo ele foi ficando cansado e tinha uma doença pré-existente, resolvi adotá-lo e aproveitamos bastante seus últimos anos de vida. Ficamos todos sentidos com a sua partida, hoje ficam as boas lembranças”.
Por Jaqueline Assemany / Redação Socializa